domingo, 26 de setembro de 2010

Eu te amo em silêncio como a mansidão do rio que cala negando a insensatez do vento.
Deixo-me ir num redemoinho de sombras e só a tua luz ilumina a minha paz
As horas são folhas secas de um inverno esquecido e só a tua lembrança agasalha o meu desejo
Estou nu de toda matéria profana e só a tua essência veste a inocência da noite
Abraço teus sentidos e recolho-me ao infinito caminho das saudades

Flavio Pettinichi- 26 – 09 – 10
Dedicado para minha Netosha , Guerrilheira da palavra e infinita Mulher.

sábado, 25 de setembro de 2010

Caem as máscaras do medo no final da tarde
Corpos andam nus e a orfandade do amor cega a sua fé
Quem recolherá as lágrimas de dor na poesia amputada?
Enterraram mistérios na procura de uma solidão iluminada
E nada colheram nos áridos desertos das suas desgarradas almas.
Rasgaram as peles nos rosais de espinhos rasos e o sangue coagulou como a palavra que esconde o medo
Nas mãos frias vão sentindo a mortandade do canto e espavoridos correm à um lugar que já não existe
Fizeram da raiva a sua oração e do perdão um poema sem rima engasgado na voz
Há rigidez no seu olhar e o horizonte é um ponto negro onde não existe possibilidade de fuga
Já cuspiram todo o fel que tinham guardado nas suas entranhas e agora o estomago grita a chaga do olvido
A espuma escapa dos seus dedos e esvai-se na agonia dos  sonhos abortados
Agora já é tarde, a praia está deserta.
FDP- 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010



Estou de saco cheio de carne podre nas prateleiras
Neste mercado da vida tem produtos perecendo
E não há inspetor suficiente para controlar o caos
A putrefação tomou conta da humana poesia

Tenho pena dos feridos da gangrena do ódio
Tenho lástima dos que vão à missa sem pecados
Não tenho compaixão pelos infames que amam só de pau duro.
Cuspo na cara do poema que fede a palavras vazias

Acabou senhores! O Poeta está sujo e imundo como todos.
A pestilência tomou conta das saudades e no seu lugar ficou um copo quebrado com gotas de sangue
Agora é o tempo das desertas miradas e nas miragens só aparecem anjos mutilados de amor
Acabou senhores! A poesia está corrompida pelas almas obsessas e vomita cacos de vidro no jardim da suas casas, coloquem seus coturnos!
FDP – 21 – 09 - 10

Recado da minha amiga Rô Smitt:
Quem terá coragem de descrevê-lo quando não mais estiver por aqui?
Poeta insano, visceral, há escorrer-lhe o fel nas palavras com volúpia, sêmem e
sangue. Homem de amor e ódio em dimensões tamanhas, que a terra lhe
foi pouca, quando quiseram enterrar-lhe!
Amei sua escrita, compactuo contigo, e cuspo na ignorância dos que tudo sabem
mas nada fazem. O pior ato é o omitido e não o praticado.
^^
Smith...obrigado Rô

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Vida antes de ti , só o caos...
depois de ti ...há vida?

                                                FDP- 2010

Eu amava os dias onde os loucos comiam rios
E os suicidas cortavam seus pulsos com o clarão da lua
Eram então tão alucinadas as magnólias venenosas
E tão doloroso o amor, que nem sentíamos o espinho da rosa.

Eu amava os dias nos quais os idiotas cantavam na chuva
E os miseráveis pediam o pão do olvido embaixo da ponte
Porque as conchas marinhas morriam antes que a alegria
E as tardes não choravam escondidas no crepúsculo.

Eu amava os dias onde os amantes sangravam de paixão
E o chão era um pântano de ofegantes promessas
E vejo agora como era azul o rosto daquela amada
E tão cinza o destino que, em vão, só um deles sonhava.

Hoje não amo mais
Porque aqui e agora eu só amo você.
FDP 2010

Dentre os restos do minério


Dentre os restos do minério
alcancei tua luz
Arranhando o crepúsculo e as sombras
não há caminho que não tenha
teu destino
Então deixo o sepulcral silêncio
e esculpo teu corpo no éter da minha alma.

Cordas,amarraras e um tempo sem feridas
Às vezes os nós tomam conta de nós nus
E desatamos tormentas adormecidas sem sol
Clamando pelo desejo e apagando a dor

Texturas e sombras transformam o som
Há um sortilégio esquecido sem piedades vãs
Onde a calma reclama dos pregos e os espinhos
Aonde a penitência um dia sem lamentos foi

Blasfemaram nas trevas que negam o amor
Falaram versos vazios cheio de ódio e rancor
Calaram na hora do medo e na alegria sofreram
Fugiram da insanidade bendita da paixão

Cordas e amarras ainda libertam a minha alma
E meu espaço é o mimetismo das sombras
Quero-me na liberdade dos que sonham sangrando
E coagulam a morte quando o dia anoitece
FDP- 2010