terça-feira, 21 de setembro de 2010

“quando a barca chegar”
Tenho escutado muito das pessoas, quando algum amigo ou conhecido ou parente morre , teriam que ter dado “aquele abraço”, ter falado aquela palavra de amor, ter perdoado, ter pedido perdão, ter ido a aquele lugar ou não ter ido a aquele outro lugar.
Escuto que as pessoas ficam preocupadas com tudo aquilo que não desejaram para para essa pessoa, desejos de paz, de prosperidade, de saúde de harmonia etc. e tal .
Que teriam que ter sido melhores com elas, mas compreensivas, mais tolerantes, mais amáveis e por sobre tudo mais amorosas.
Será que é porque vemos na morte do outro a nossa própria morte?
Porque temos medo de morrer vazios de tudo isso que foi citado acima?
Porque não conseguimos transcender ao “outro” estado com tudo o bom que é a vida?
Eu me faço essa pergunta, e não sei se tenho a resposta, mas de algo eu tenho certeza, falo o tempo todo para os meus “achegados” o quanto os amo, o quanto desejo tudo de bom pra eles etc. e tal, sem por isto deixar de marcar os seus erros, pois deve ser muito feio alguém ter que morrer sem ter aceitado seus erros porque nunca ninguém os marcou.
Mas por outro lado sei que nem tudo o mundo fará isso comigo, então falo a cada dia para mim, pois eu posso morrer amanhã, sou mortal e não comprei o meu destino nem meu dia da passagem e não quero ir vazio e sem malas.
Então , quando a barca chegar eu terei falado e feito para mim:
Se ame hoje José
Seja feliz hoje
Tenha sucesso hoje
Tenha serenidade
Tenha paz de espírito e da outra também
Serei bom comigo hoje
Levarei-me a passear e ver o mar
Sairei de bicicleta e cantarei uma bela canção pra mim
Perdoar-me-ei hoje
Perdoarei a alguém hoje
Abraçarei-me junto a uma arvore na praza
Tocarei meus olhos e secarei a minha lágrima
Rirei de mim e junto a mim
Verei meus erros
Aceitarei meus defeitos
E por sobre todas as coisas terei certeza que dei tudo de mim para amar e ser amado, como até agora!
FDP 03 de Set, de 2010

Um comentário:

  1. Quando eu morrer e no frescor de lua
    Da casa nova me quedar a sós,
    Deixai-me em paz na minha quieta rua...
    Nada mais quero com nenhum de vós!

    Quero é ficar com alguns poemas tortos
    Que andei tentando endireitar em vão...
    Que lindo a Eternidade, amigos mortos,
    Para as torturas lentas da Expressão!...

    Eu levarei comigo as madrugadas,
    Pôr-de-sóis, algum luar, asas em bando,
    Mais o rir das primeiras namoradas.

    E um dia a morte há de fitar com espanto
    Os fios de vida que eu urdi, cantando,
    Na orla negra do seu negro manto...

    Quintana, Mario, 1906-1994
    A rua dos cataventos / Mario Quintana - 2.ed. -São Paulo
    Para você com carinho, do meu Poeta:
    Sílvia

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